(Do extinto "Casa da Infância/Spaceblog")
Amigos,
Encontrei este texto no blog Pensamento Nosso.
Além da beleza ao apresentar uma criança, lembra ao adulto que ele, se
assim desejar, pode conviver alegremente com a sua criança interior
ou, quem sabe, resgatá-la para viver harmoniosamente com ela. Gostei e partilho
com vocês.
Escrita por Maria Alice Estrella que, segundo o mesmo
blog, é uma poetisa gaúcha, que, entre outras atividades, é
cronista colaboradora do jornal Diário Popular de Porto Alegre, numa uma
coluna semanal.
Beijos,
Rosana Rodrigues**

"Ser criança é estar de mãos dadas com a vida na melhor
das intenções. É acreditar no momento presente com tudo o que oferece, é
aceitar o novo e desejar o máximo.
Ser criança é estar em constante estágio de aprendizado, é querer buscar e
descobrir verdades sem a armadura da dúvida.
Ser criança é ter um riso franco esparramado pelo rosto, mesmo em dia de chuva,
é adorar deitar na grama, ver figuras nas nuvens e criar histórias.
Ser criança é colar o nariz na vidraça e espiar o dia lá fora. É gostar de
casquinha de sorvete, de bolo de chocolate, de passar a ponta do dedo no
merengue.
Ser criança é acreditar, esperar, confiar. E é ter coragem de não ter medo.
Ser criança é saber embrulhar desapontamentos e abrir caixinhas de surpresas.
Ser criança é ter sempre uma pergunta na ponta da língua e querer muito todas
as respostas.
Ser criança é misturar sorvete com televisão, computador com cheiro de flor,
passarinho com goma de mascar, lágrimas com sorrisos.
Ser criança é habitar no país da fantasia, viver rodeado de personagens
imaginários, gostar de quem olha no olho e fala baixo.
Ser criança é gostar de sentar na janela e detestar a hora de ir para a cama.
Ser criança é cantar fora do tom e dar risadas se alguém corrige.
Ser criança é ser capaz de perdoar e anestesiar a dor com uma dose de sabedoria
genuína e peculiar.
Ser criança é andar confiante por caminhos difíceis e desconhecidos na ânsia de
desvendar mistérios.
Ser criança é gostar de brincadeira, do sonho, do impossível. Criança é saber
nada e poder tudo.
Ser criança é detestar relógios e compromissos. É ter pouca paciência e muita
pressa.
E ser criança é, também, ser o adulto que nunca esqueceu da criança que foi um
dia. O adulto que consegue se reencontrar com a criança que ainda vive no seu
íntimo e mais precioso território. Aquele pedaço que justifica todos os
percalços e que dignifica todos os tropeços. A ingenuidade restaurada no
dia-a-dia e que o transforma em herói, ao reler as histórias de sua própria
vida, narradas pela criança que o abraça, nas entrelinhas de um tempo que
permanece imutável porque sagrado. O tempo do princípio, da origem, da própria
essência."