sexta-feira, 1 de abril de 2016

Pinóquio, de plantão!

O texto a seguir foi produzido em 2001, mas o assunto permanece atual e os procedimentos indicados são bem sensatos.
A mentira infantil cai na real
Os cuidados que os pais devem ter com a mistura de verdade e fantasia que as crianças costumam fazer
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Psicólogos de diferentes correntes concordam que a confusão entre fantasia e realidade é normal e faz parte de uma fase crucial do desenvolvimento, entre os 3 e os 7 anos de idade, mas alertam para a necessidade de que os pais combatam as mentiras deliberadas e arquitetadas pela criança para se livrar de alguma responsabilidade ou levar outro tipo de vantagem. A principal dificuldade da família é identificar quando os filhos estão de fato falando a verdade ou quando estão dando asas à imaginação. A melhor reação ao ouvir uma história cabeluda da boca da criança é não acreditar em tudo nem duvidar completamente. É preciso cautela para filtrar a realidade, tarefa que requer conversa paciente e boa dose de habilidade. Ela pode dizer que apanhou da professora no colégio, mas talvez tenha apenas ficado impressionada com uma bronca.
"Os pais só devem se preocupar quando a criança tiver o objetivo claro de fugir da realidade e não enfrentar determinadas situações", diz a psicóloga Magdalena Ramos, coordenadora do Núcleo de Casal e Família da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O ideal é ficar no meio-termo, já que o excesso de fantasia pode revelar egocentrismo elevado e o oposto indica amadurecimento precoce.
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Como lidar com a imaginação fértil dos filhos
  • Se você está em dúvida sobre a veracidade de um fato relatado pela criança, não insista imediatamente no assunto. Peça para ela contar a história novamente algumas horas depois e comparar as versões.
  • Não é producente apenas dizer à criança que ela está mentindo ou chamá-la de mentirosa. É necessário explicar, com calma, as conseqüências negativas de uma mentira, como exemplos práticos. Se prejudicar alguém, deixe claro por que é errado fazer isso.
  • Não submeta a criança a interrogatórios ostensivos, não grite nem a pressione em demasia para obrigá-la a contar a verdade.
  • Para saber a exatidão dos fatos, prefira perguntas genéricas. "O que aconteceu na escola?" é melhor que a forma "Alguém te bateu na escola?", pois, neste caso, só pode Ter sim ou não como resposta - e a probabilidade de erro é maior.
  • Castigá-la duramente por ter mentido não é uma maneira eficaz de evitar que o fato se repita.
  • Mentiras freqüentes sobre um mesmo tema (a escola, por exemplo) revelam que a criança está angustiada em relação àquele assunto.
  • Crianças são muito suscetíveis à influência dos pais. Se eles costumam mentir ou encobrir mentiras dos outros, os filhos tendem a imitar esse comportamento.
  • Entenda que a fantasia é importante para o desenvolvimento da criança. Estimule-a de forma saudável e criativa. Recorra aos símbolos para falar de assuntos complicados, como sexo, morte e dinheiro

Texto em sua íntegra:
revista Veja de 2 de maio de 2001;

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